Pegue uma xícara, sirva-se e fique à vontade.

09 maio 2014

Despedida

Por Luísa Borges Pontes
Blog Eita Erro

Ser Amado, 

Acredito que todos nós temos propósitos aqui nessa existência, e nenhum encontro é por acaso. Se, porventura, provocamos certas reações emocionais no outro, conflituosas ou não, é porque esse mesmo outro é também espelho, especialmente pras fragilidades nossas, por vezes difíceis de encarar.

Meu modo de reagir sempre foi intuitivo e emocional, e, apesar de intensa e impulsiva, vim pra cá com a capacidade de ser empática às fragilidades dos outros, afim de ajudar a iluminar a caminhada de quem quer que seja.

Me fazer ser entendida nunca foi tarefa simples, especialmente num mundo tão racional e paradigmático como o nosso. Às vezes me vejo sobrando, mesmo quando a intenção é doar o máximo de luz ao outro, aliás, é o que tenho feito com frequência nos últimos tempos.

Não sou perfeita, exagero nas reações, afinal me permito ser humana, e demorarei bastante até ter um entendimento melhor sobre o que  é ser intuitiva, e sobre como isso pode afetar esse outro.

Hoje tenho uma visão mais clara e madura sobre a vida; creio eu que não há nada que o tempo não cure ou apazigue, oque quero dizer é que chegou a hora de crescer, porque percebo cada um de nós tomando caminhos diferentes, diante de todas as demandas do dia a dia, e do coração.

Partir é uma forma de desapego, e é nesse sentido que estou indo agora. Demorarei bastante pra isso, eu sei, me perdoa se me explico muito, mas é porque despedidas, as marcantes, são mesmo demoradas. Me perdoa também pelos excessos, não vou mais me delongar nem invadir, até porque estou bem consciente do espaço que ocupo, e também do seu, ok?

Se faltou algo neste texto, eu não sei, mas deixo aqui meu adeus sincero, de quem segue a jornada, rumo a outros ares (quem sabe a literatura é quem tem que ganhar com essa minha veia dramática, não é mesmo?rs).

Paz e luz.

beijos, 

Ser Amada


Publicado por: Wacinom
Hora: dispersa
Data real: 09/05/2014

02 abril 2014

Big Brother

Reality Show
                                                                                  Por Frei Betto

.anarquista
Sim, quero ver a tua vida em detalhes, minuto a minuto, e ouvir as palavras que jorram de tua boca, rir teu riso e enraivecer-me com teu rancor, assistir à tua paquera, ao teu namoro, ao teu gesto de carinho, à tua transa, espelhando tua beleza em minha inteligência.
Quero abandonar amizades, trabalho, livros e lazer e, de olhos pregados em tua magia, absorver a tua arte de movimentar-se no labirinto da quimera, livre de dores e afazeres, mergulhada na fama e na fortuna.
Venerarei o teu ócio na vitrine, exibindo-se sem pudor a milhões de olhos, despida por infinitas imaginações, liberta das grades odiosas dessa existência de penúria, anônima, escrava da rotina atroz de quem jamais aprendeu a voar.
Abrirei em meu monitor a porta da tua casa mágica e, sob o peso de minhas carências, ingressarei virtualmente em tua liberdade, no teu gozo, no teu charme, como quem toca com os olhos veneráveis ícones que nos fazem transcender a mediocridade cotidiana.
Minha fidelidade ao teu exibicionismo será a chancela que proclamará tua vida como real e, do lado de cá, buscarei minha alforria em tuas loucuras, em teus jogos e em tuas danças. Quero decifrar em ti minha própria intimidade, rasgar minha alma em tuas mão e deixar minha mente impregnar-se dessa ilusão que faz de mim teu pequeno irmão.
Recobrirei minha realidade com tua fantasia e farei de teu espetáculo o brilho de meus olhos vazados, nessa permuta hipnótica de quem busca complacência com seus próprios limites para tentar encobrir a mesquinhez que me corroi.
Ficarei atento ao teu banho, ao teu sexo, à tua ira e às tuas refeições, fiel à exposição perene deste teu desprovido de preocupações e conteúdos, entregues a esta liberdade que faz de ti o que não sou, e me permite projetar em teu vigor as minhas fraquezas e em teu esplendor o gosto amargo de meu anonimato.
Verei em tua janela, que se abre em minha casa, a subversão de todos os valores, como se nos cômodos que abrigam findassem todos os princípios, escorrendo pelo ralo tudo aquilo que soava como sinônimo de decência. Ampliados pela eletrônica, meus olhos contemplarão as tuas intimidades mais ousadas. Sentirei os teus odores beberei o teu suor.

Filmonic
Esticarei o meu olhar até os limites proibitivos do escárnio e, quem sabe, verei o teu rancor extirpar toda a agressividade que jaz em meu peito e a tua voracidade explodir em taras que haverão de suprir os meus desejos mais ignóbeis e saciar as minhas pulsões mais abjetas.
Deste lado da tela, sentirei os teus sentimentos e comungarei as tuas emoções, vendo-te virar pelo avesso nesse zoológico de luxo, exposta à multidão como carne no açougue, a engendrar no balcão do voyeurismo a gorda soma dos teus patrocinadores.
Em ti livrar-me-ei de todo ideal que não seja fazer da vida um jogo de entretenimento, a sedução epidêmica como sucedâneo de quem não atinge as profundezas do amor, vendo-te representar a ti mesma sob os aplausos invejosos de meu olhar sequioso, preso ao teu desempenho huit-clos.
Aprisionarei tua vida em meu olhar, tornar-me-ei teu carcereiro eletrônico, decidindo o teu presente e o teu futuro, absolvendo-te ou condenando-te, juiz supremo que se ignora refém do próprio equívoco.
Inebriado com tuas loucuras, te elegerei objeto supremo de minha admiração, deixando-me devorar pelo teu sucesso, do qual farei tema todas as minhas conversas.
À espera de que os corvos venham devorar o meu coração, quero ser consumido e consumado por ti, arrancando de meus olhos todas as escamas, até que eu possa ver também o marido espancar a mulher, o filho estuprar a mãe, o pai assassinar a filha, enfim, o horror, o horror, o horror, pois sei que o show não pode parar e que o seu limite é não ter limites.

Postado por: Wacinom
Hora: Gran Finale
Data real: 02/04/2014

01 janeiro 2014

Carrossel


Blog: Meu Caminho Inefável

"Gira e volta ao mesmo lugar
Nunca desanimar
Tempo de acreditar
Tempo que vai passar
Setas vão te guiar
Guiam a mim também"

"Você já se perguntou se somos nós que fazemos os momentos em nossas vidas ou se são os momentos da nossa vida que nos fazem?
Se pudesse voltar um momento em sua vida o que mudaria?
E se mudasse, será que essa mudança tornaria sua vida melhor? 
Ou será que ela acabaria partindo seu coração? Ou partindo o coração de outros?
Será que escolheria um caminho totalmente diferente?
Ou será que mudaria só mudaria uma única coisa?
Um momento?
Um momento que você sempre quis ter de volta?"

Postado por: Wacinom
Hora: do giro
Data real: 01/01/2014





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