Pegue uma xícara, sirva-se e fique à vontade.

25 dezembro 2011

Angu de Sangue


''(...) me deixe sozinho. Caminharei mil caminhos. Leve-me o sapato. A roupa.Andarei nu, como um rei.Terei a noite a meus pés e o pensamento em (...). Faça-me qualquer coisa, atire-me de dentro, livre-me dessa agonia.''   
                                             
                                             Marcelino Freire
 
 
 
 
Postado por:Wacinom
Hora:natalina
Data real:25/12/2011

12 dezembro 2011

Um pouco de céu

Por Mafalda Veiga



Só hoje senti
que o rumo a seguir
levava pra longe
senti que este chão
já não tinha espaço
pra tudo o que foge
não sei o motivo pra ir
só sei que não posso ficar
não sei o que vem a seguir
mas quero procurar 


e hoje deixei
de tentar erguer
os planos de sempre
aqueles que são
pra outro amanhã
que há-de ser diferente
não quero levar o que dei
talvez nem sequer o que é meu
é que hoje parece bastar
um pouco de céu
um pouco de céu 


só hoje esperei
já sem desespero
que a noite caísse
nenhuma palavra
foi hoje diferente
do que já se disse
e há qualquer coisa a nascer
bem dentro no fundo de mim
e há uma força a vencer
qualquer outro fim 


não quero levar o que dei
talvez nem sequer o que é meu
é que hoje parece bastar
um pouco de céu
um pouco de céu 


Postado por: Wacinom
Hora: perdida
Data real: sábado 10 embro

08 dezembro 2011

Então é natal

Maracabul
 Por Marcelino Freire


Toda criança quer um revolver.
Toda criança quer um revólver para brincar.
Matar os amigos e correr. Matar os índios e os ETs. Matar gente ruim.
O medo, aqui, é de brinquedo, pode crer.
Pá-pá-pá.
Gostoso roubar e sumir pelos buracos do barraco. Pelo rio e pela lama. Gritar um assalto, um assalto, uma assalto. Cercado de PM por todos os lados. Ilhado na Ilha do Maruim. Na boca do quaiamum.
Papai Noel vai entender meu pedido.
Quero um ver´lver comprido, de cano longo.
Socorro!
Socorro!
Ponho a boca do revólver na boca do garoto. Atiro se o outro garoto atirar. Pode tremer que eu não ligo. Choro se quiser chorar.
Eu sou um perigo.
Minha mãe fez frango. Tinha panetone.
E o que mais  tinha? Salgadinho. Mas não quero saber de tomar banho.
A gente se enrola na ribanceira. A gente se joga na brincadeira. A gente fica deste tamanho..
Quando eu crescer eu quero matar, quem disse que eu quero morrer?
O Recife fica lá embaixo. Daqui a gente vê. As luzes do porto. O navio ancorado. O homens soltando tojão.
Tiros de canhão.
O banho, você precisa tomar banho. É natal. Papai Noel daqui a pouco chegará. Trará a arma. Nova, calibrada. De meter medo. Que tal uma pistola automática?
Meu amigo acha que o melhor é fuzil. Uma dúzia de granadas.
Nada.
Quero um revólver só. Que estoure os miolos. Fuzile bem nos olhos. E pronto.
Acerte o peito dos outros meninos.
A espinha. Para eles ficarem paraplégicos, tetraplégicos. Arrastarem a perna feito, aquele rato, aquele gato, Feio aquela inda. Na praia, quando se levanta.
Mamãe me chama, diz que está na hora.
A janta está posta.
Coloco a cara na torneira, A água leva a areia. E esfria o sangue. E os meninos, cada um treinado para atacar agora o refrigerante. Em bando. Atacar o panetone.
O quê?
Panetone.
Quem sair vivo do confronto, já pra cama.
Fico aguardando o presente, De repente, Papai Noel chegar enquanto eu estiver dormindo.
E sonhando.
Mamãe, este ano eu fui um bom menino, mas o ano que vem eu quero ficar rico. E ter um carro-forte, um carro do ano.
http://www.southpark.com.br
Juro que não estou brincando.
Minha vida de bandido só está começando.
Isso se Papei Noel não chegar atirando.

Postado por: Wacinom
Hora: da ceia
Data real:25/12/2010

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