Pegue uma xícara, sirva-se e fique à vontade.

10 fevereiro 2018

Restolho

Antigas canções
Mesmos sonhos
Novos quereres 


Por Mafalda Veiga



Geme o restolho, triste e solitário
a embalar a noite escura e fria
e a perder-se no olhar da ventania
que canta ao tom do velho campanário.

Geme o restolho, preso de saudade
esquecido, enlouquecido, dominado
escondido entre as sombras do montado
sem forças e sem cor e sem vontade.

Geme o restolho, a transpirar de chuva
nos campos que a ceifeira mutilou
dormindo em velhos sonhos que sonhou
na alma a mágoa enorme, intensa, aguda

Mas é preciso morrer e nascer de novo
semear no pó e voltar a colher
há que ser trigo, depois ser restolho
há que penar para aprender a viver

e a vida não é existir sem mais nada 
a vida não é dia sim, dia não 
é feita em cada entrega alucinada
pra receber daquilo que aumenta o coração

Postado por: Wacinom
Hora: da folia
Data real: há tempos


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