Pegue uma xícara, sirva-se e fique à vontade.

10 fevereiro 2018

Restolho

Antigas canções
Mesmos sonhos
Novos quereres 


Por Mafalda Veiga



Geme o restolho, triste e solitário
a embalar a noite escura e fria
e a perder-se no olhar da ventania
que canta ao tom do velho campanário.

Geme o restolho, preso de saudade
esquecido, enlouquecido, dominado
escondido entre as sombras do montado
sem forças e sem cor e sem vontade.

Geme o restolho, a transpirar de chuva
nos campos que a ceifeira mutilou
dormindo em velhos sonhos que sonhou
na alma a mágoa enorme, intensa, aguda

Mas é preciso morrer e nascer de novo
semear no pó e voltar a colher
há que ser trigo, depois ser restolho
há que penar para aprender a viver

e a vida não é existir sem mais nada 
a vida não é dia sim, dia não 
é feita em cada entrega alucinada
pra receber daquilo que aumenta o coração

Postado por: Wacinom
Hora: da folia
Data real: há tempos


09 fevereiro 2018

Saudades Cintilantes

Em três anos muitas coisas mudaram, outras não.
Eis que volto a escrever
Eis que volto a me permitir 


Saudades Cintilantes

Cidade acesa
A lua banha cada canto, cada lembrança sua
Sons, sentidos despertando saudade
Sua silhueta sondando as sombras em minha mente
O brilho cega meu querer - só você

Não sinto mais seu perfume
Não sei mais quais canções ouvir
O dia está nascendo 
E eu não sei onde ir

"simplesmente posso encontrar uma distração...
luzes da cidade"

"uma simples saudade"


Postado por: Wacinom
Hora: reluzente
Data real: Hoje 

09 janeiro 2018

Pedidos - Duas Vezes Amor

Devido à vários pedidos eis que teço alguns comentário do livro Duas Vezes Amor.
Na verdade, é apenas uma sinopse que retirei do site da Editora Rocco prometo que assim que terminar a leitura volto com impressões pessoais em uma resenha para lá de envolvente.

Download
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Enquanto isso você pode aproveitar para baixar o livro, logo como ele se encontra esgotado, e viajar em mais um romance de Katie Cotugno

É possível se apaixonar duas vezes pela mesma pessoa? Em Duas Vezes Amor, elogiado romance de estreia da norte-americana Katie Cotugno, a jovem Reena descobre que sim.
Aos 16 anos, ela vê seus sonhos interrompidos por uma inesperada gravidez, ao mesmo tempo em que enfreta a ausência da mãe, que morreu quando Reena era criança, a indiferença do pai e o sumiço do namorado, Sawyer. Mas quando ele retorna à cidade, dois anos depois, e fica sabendo que é pai de uma menina, Reena, tem a chance de tentar entender o que levou o garoto a desaparecer. E desse reencontro, os dois descobrem o amor pela segunda vez.

Postado por: Wacinom
Hora: numa hora qualquer
data real: 09/02/2015

19 janeiro 2015

Recomeço


Retalhos
Por Frei Betto

Blog da Ro

A vida é feita de detalhes: um encontro casual, a atração, o fascínio, reencontros, a fusão de espíritos e corpos. Dia após dia, o caminho é aberto no próprio caminhar como quem, sobre a ponte arqueada no tempo, desafia a lei da gravidade e, suspenso no vazio, agacha-se para acrescentar mais um palmo no piso.


O amor é um mistério. Tantas pessoas e, no entanto, esta pessoa. Há qualquer coisa que transcende as aparências, os sentidos e todo o arsenal interrogativo da razão. Aos olhos da fé, dom de Deus. O coração acorda um dia povoado pela presença do outro e esse sentimento imunda, devasta, sufoca, liberta, irrompe indizível, marca para sempre. É terno.


Postado por: Wacinom
Hora: de recomeçar
Data real: 10/01/2015




09 maio 2014

Despedida

Por Luísa Borges Pontes
Blog Eita Erro

Ser Amado, 

Acredito que todos nós temos propósitos aqui nessa existência, e nenhum encontro é por acaso. Se, porventura, provocamos certas reações emocionais no outro, conflituosas ou não, é porque esse mesmo outro é também espelho, especialmente pras fragilidades nossas, por vezes difíceis de encarar.

Meu modo de reagir sempre foi intuitivo e emocional, e, apesar de intensa e impulsiva, vim pra cá com a capacidade de ser empática às fragilidades dos outros, afim de ajudar a iluminar a caminhada de quem quer que seja.

Me fazer ser entendida nunca foi tarefa simples, especialmente num mundo tão racional e paradigmático como o nosso. Às vezes me vejo sobrando, mesmo quando a intenção é doar o máximo de luz ao outro, aliás, é o que tenho feito com frequência nos últimos tempos.

Não sou perfeita, exagero nas reações, afinal me permito ser humana, e demorarei bastante até ter um entendimento melhor sobre o que  é ser intuitiva, e sobre como isso pode afetar esse outro.

Hoje tenho uma visão mais clara e madura sobre a vida; creio eu que não há nada que o tempo não cure ou apazigue, oque quero dizer é que chegou a hora de crescer, porque percebo cada um de nós tomando caminhos diferentes, diante de todas as demandas do dia a dia, e do coração.

Partir é uma forma de desapego, e é nesse sentido que estou indo agora. Demorarei bastante pra isso, eu sei, me perdoa se me explico muito, mas é porque despedidas, as marcantes, são mesmo demoradas. Me perdoa também pelos excessos, não vou mais me delongar nem invadir, até porque estou bem consciente do espaço que ocupo, e também do seu, ok?

Se faltou algo neste texto, eu não sei, mas deixo aqui meu adeus sincero, de quem segue a jornada, rumo a outros ares (quem sabe a literatura é quem tem que ganhar com essa minha veia dramática, não é mesmo?rs).

Paz e luz.

beijos, 

Ser Amada


Publicado por: Wacinom
Hora: dispersa
Data real: 09/05/2014

02 abril 2014

Big Brother

Reality Show
                                                                                  Por Frei Betto

.anarquista
Sim, quero ver a tua vida em detalhes, minuto a minuto, e ouvir as palavras que jorram de tua boca, rir teu riso e enraivecer-me com teu rancor, assistir à tua paquera, ao teu namoro, ao teu gesto de carinho, à tua transa, espelhando tua beleza em minha inteligência.
Quero abandonar amizades, trabalho, livros e lazer e, de olhos pregados em tua magia, absorver a tua arte de movimentar-se no labirinto da quimera, livre de dores e afazeres, mergulhada na fama e na fortuna.
Venerarei o teu ócio na vitrine, exibindo-se sem pudor a milhões de olhos, despida por infinitas imaginações, liberta das grades odiosas dessa existência de penúria, anônima, escrava da rotina atroz de quem jamais aprendeu a voar.
Abrirei em meu monitor a porta da tua casa mágica e, sob o peso de minhas carências, ingressarei virtualmente em tua liberdade, no teu gozo, no teu charme, como quem toca com os olhos veneráveis ícones que nos fazem transcender a mediocridade cotidiana.
Minha fidelidade ao teu exibicionismo será a chancela que proclamará tua vida como real e, do lado de cá, buscarei minha alforria em tuas loucuras, em teus jogos e em tuas danças. Quero decifrar em ti minha própria intimidade, rasgar minha alma em tuas mão e deixar minha mente impregnar-se dessa ilusão que faz de mim teu pequeno irmão.
Recobrirei minha realidade com tua fantasia e farei de teu espetáculo o brilho de meus olhos vazados, nessa permuta hipnótica de quem busca complacência com seus próprios limites para tentar encobrir a mesquinhez que me corroi.
Ficarei atento ao teu banho, ao teu sexo, à tua ira e às tuas refeições, fiel à exposição perene deste teu desprovido de preocupações e conteúdos, entregues a esta liberdade que faz de ti o que não sou, e me permite projetar em teu vigor as minhas fraquezas e em teu esplendor o gosto amargo de meu anonimato.
Verei em tua janela, que se abre em minha casa, a subversão de todos os valores, como se nos cômodos que abrigam findassem todos os princípios, escorrendo pelo ralo tudo aquilo que soava como sinônimo de decência. Ampliados pela eletrônica, meus olhos contemplarão as tuas intimidades mais ousadas. Sentirei os teus odores beberei o teu suor.

Filmonic
Esticarei o meu olhar até os limites proibitivos do escárnio e, quem sabe, verei o teu rancor extirpar toda a agressividade que jaz em meu peito e a tua voracidade explodir em taras que haverão de suprir os meus desejos mais ignóbeis e saciar as minhas pulsões mais abjetas.
Deste lado da tela, sentirei os teus sentimentos e comungarei as tuas emoções, vendo-te virar pelo avesso nesse zoológico de luxo, exposta à multidão como carne no açougue, a engendrar no balcão do voyeurismo a gorda soma dos teus patrocinadores.
Em ti livrar-me-ei de todo ideal que não seja fazer da vida um jogo de entretenimento, a sedução epidêmica como sucedâneo de quem não atinge as profundezas do amor, vendo-te representar a ti mesma sob os aplausos invejosos de meu olhar sequioso, preso ao teu desempenho huit-clos.
Aprisionarei tua vida em meu olhar, tornar-me-ei teu carcereiro eletrônico, decidindo o teu presente e o teu futuro, absolvendo-te ou condenando-te, juiz supremo que se ignora refém do próprio equívoco.
Inebriado com tuas loucuras, te elegerei objeto supremo de minha admiração, deixando-me devorar pelo teu sucesso, do qual farei tema todas as minhas conversas.
À espera de que os corvos venham devorar o meu coração, quero ser consumido e consumado por ti, arrancando de meus olhos todas as escamas, até que eu possa ver também o marido espancar a mulher, o filho estuprar a mãe, o pai assassinar a filha, enfim, o horror, o horror, o horror, pois sei que o show não pode parar e que o seu limite é não ter limites.

Postado por: Wacinom
Hora: Gran Finale
Data real: 02/04/2014

01 janeiro 2014

Carrossel


Blog: Meu Caminho Inefável

"Gira e volta ao mesmo lugar
Nunca desanimar
Tempo de acreditar
Tempo que vai passar
Setas vão te guiar
Guiam a mim também"

"Você já se perguntou se somos nós que fazemos os momentos em nossas vidas ou se são os momentos da nossa vida que nos fazem?
Se pudesse voltar um momento em sua vida o que mudaria?
E se mudasse, será que essa mudança tornaria sua vida melhor? 
Ou será que ela acabaria partindo seu coração? Ou partindo o coração de outros?
Será que escolheria um caminho totalmente diferente?
Ou será que mudaria só mudaria uma única coisa?
Um momento?
Um momento que você sempre quis ter de volta?"

Postado por: Wacinom
Hora: do giro
Data real: 01/01/2014





09 dezembro 2013

Naufrágio



Marquei a lápis aquele poema que declamastes naquela tarde quente. Um poema que falava de sonhos, navios e naufrágios.

Era um dia de dezembro.

Um dia em que o vento soprava manso e todas as certezas nada mais eram que espumas a lamber a areia, a mesma areia que mantinham meus olhos secos, a boca amarga, o coração empedernido e meus sonhos no fundo do mar.

Blog: Deserto e Desertificação
Hoje debaixo d'água meus sonhos são como corais: não os vejo, não os sinto aqui da superfície.

Hoje se quer lembro-me do poema, apenas o escuto quando a concha encosto ao ouvido.


E quando abro o livro desgastado pelo tempo lembro-me de ti a navegar entre os versos de Além-mar



Postado por: Wacinom
Hora: 19:15
Data real:20/12/2011


28 novembro 2013

Lances da Vida - Confiança


Confiança é uma coisa muito frágil.Uma vez conquistada, ela nos propicia uma tremenda liberdade.Mas uma vez que confiança é perdida, pode ser impossível recuperá-la, claro que a verdade é que nunca sabemos em quem podemos confiar.

Blog: O Sol Dos Dias
 Pois até aqueles que são mais próximos podem nos trair, e, ao mesmo tempo, estranhos podem vir nos socorrer.

  Confiança é uma coisa difícil, seja encontrar a pessoa certa em quem confiar, seja porque confiar na pessoa certa dará errado.

  No final a maioria das pessoas decide confiar apenas em si mesma. E essa é na maneira mais simples para evitar ser magoado.

Postado por: Wacinom
Hora:confiável
Data real:desconfio que é dia...

22 novembro 2013

Apontamentos de uma história limpa



Lendo aqui e acolá pude encontrar.


Por Tiago Krug

Ao ritmo de uma música suave, escrevo, penso, crio e perco-me.
Mergulho na atmosfera dos meus sonhos, onde o tempo é eterno, onde me rodeio somente de sorrisos profundos e nunca me sinto só. Abrigo-me daquilo que em mim me fragiliza, observo-o e procuro entende-lo.Vejo-o na sua dança e, devagar, tento afastar-me para crescer mais forte. Sinto uma paz que me percorre, acaricio meus gatos, ouço o ronronar que se espalha na luz tênue e continuo este processo tranquilo que me purga.


Postado por: Wacinom
Hora: da dança
Data real: Janeiro de 2007

01 janeiro 2013

Lances da vida


Blog: Mar de Letras
Dê uma olhada no espelho. 
Quem você vê olhando de volta?
É a mesma pessoa que você quer ser? 
Ou a pessoa que você deveria ter se tornado? 
A pessoa que deveria ter sido, mas se desviou no caminho?
Tem alguém dizendo que você não consegue, ou não pode?
Por que você não pode?
Acredite que o amor está lá fora.
Acredite que os sonhos podem se realizar todo dia. 
Porque eles se realizam.
Às vezes a felicidade não vem do dinheiro, ou na forma de poder.
Às vezes a felicidade vem de bons amigos, da família e da nobreza silenciosa de ter uma boa vida.
Acredite que os sonhos podem se realizar todo dia.
Porque eles se realizam.
Então dê uma olhada no espelho e lembre-se de ser feliz.
Porque você merece.
Acredite.


07 julho 2012

Èmille Zola - Germinal

                                                    “... esta mina tem uma péssima reputação, graças aos inúmero acidentes que lá acontecem, seja na descida, seja nasubida, seja por causado
ar sufocante ou das explosões de grisu, ou dos lençóis de água subterrâneos, ou do
                            desmoronamento de antigas galerias. (...) é um lugar sombrio e à primeira vista tudo à sua vizinhança tem um aspecto melancólico e fúnebre”  


     Escrita na turbulência do século XIX, auge de um período de grande agitação na Europa, Germinal é uma das obras mais representativas do naturalismo, melhor dizendo, obra que inaugura o movimento que logo veio a se espalhar por todo mundo literário, a realidade aqui retratada busca descrever, por meio de observação fiel, que o individuo localizado nesse período/ espaço/ tempo é determinado pelo ambiente e pela hereditariedade.
    Zola que transforma o drama do povo numa verdadeira epopéia, foi um dos pioneiros a retratar com severidade o proletariado, e que, em o Germinal o faz de maneira a captar todas as angústias e desilusões de uma classe trabalhadora que visa, muitas das vezes, ter somente o que comer. Através de uma linguagem popular, usada no dia a dia, aborda um diálogo aberto, porem sutil, sobre sexo, o que nos dá a impressão de estarmos lendo uma obra contemporânea.
     Publicado em 1885 e baseada em acontecimentos verídicos nos mostra a luta de operários/ trabalhadores das minas de carvão do Norte da França, mais que um relato podemos dizer que é uma denúncia das péssimas condições tanto de trabalho, quanto de vida que estes eram obrigados a se submeter para que pudessem sobreviver.

“(...) Aquela parte do veio de Filonnière era tão estreita que os britadores, prensados entre a parede e o teto, esfolavam os cotovelos para retirar o carvão. Além do mais, era extremamente úmida. (...) Como os mineiros viviam em contato com o gás grisu, nem se sentiam mais o peso das pálpebras. Às vezes, quando a luz do lampião enfraquecia e tornava-se azulada, um mineiro colocava o ouvido contra o veio e escutava o ruído do gás, o ar que borbulhava nas fendas.”
      
Blog: Casabibliofilia
      Parte da impactante narração se deve às suas costumeiras pesquisa sociológicas de caráter científico, pois Zola passou dois meses na região das minas e trabalhou como mineiro, vivendo nas mesmas condições, se alimentando nas mesmas tavernas de modo que pudesse se familiarizar com aquela atmosfera e principalmente com a recessão econômica e agrícola que permeava todo o contexto.
     Ele que inspirou vários de nossos escritores a produzirem os primeiros romances naturalistas no Brasil encontra nas figuras de Aluísio de Azevedo – O mulato, Casa e pensão, O cortiço-, Júlio Ribeiro – A carne-, Inglês de Sousa – O Missionário, Adolfo Caminha – A normalista- grandes admiradores e em Portugal não mais, não menos que Eça de Queiroz – O crime do padre Amaro, Primo Basílio-, grande representante do naturalismo em Portugal.
    Germinal que no calendário da Revolução Francesa é o nome do primeiro mês da primavera, que é quando as sementes das novas plantas que germinam. Usado na narrativa como uma alegoria como o germe da transformação social, que por mais que tente extraí-lo, este sempre volta a nascer.
      Uma narrativa que apesar de todo cunho realista, que por vezes choca, consegue abarcar toda esperança de uma nova ordem social vindoura, uma obra que por sua constituição formal nos faz sentir na escuridão, na própria mina, mas que ao seu final nos leva a um novo dia repleto de luz e esperanças.

       “(...) O sol de abril brilhava em toda a sua glória, aquecendo a terra, em que germinam as sementes. A vida desabrocha com toda força, os brotos apareciam em folhas verdes, a relva nascia. Em toda parte as sementes cresciam e brotavam, para fora da terra, em busca de luz e calor. (...) Aos raios inflamados do sol, naquela manhã de juventude, o campo estava todo tomado por aquele rumor. Os homens brotavam, eram um exército coberto de carvão, vingador, que germinava lentamente da terra, para crescer nas colheitas do século seguinte. A germinação daquele exército logo faria explodir a terra.

Postado por: Wacinom
Hora:escura
Data real:2011 

 

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